segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Somos Migrantes


O mês de agosto é, tradicionalmente, mês de férias, abundando, por isso mesmo, o número e emigrantes que regressam às origens, àquelas terras e "momentos" onde nasceram e que viveram. As nossas origens marcam-nos indelevelmente. É por isso também que nos fascinam as músicas e demais coisas do "nosso tempo", essas sim estão-nos no coração e -las, delas falando, com muito gosto.

Faz-me isto pensar na realidade em que acreditamos e no quanto ela nos leva a ansiar por, mesmo não o pensando, vivermos um contacto permanente e definitivo com as nossas origens. Viemos de Deus, por Ele pensados desde sempre, e a imagem e semelhança que Dele somos são-nos intrínsecas. Não 'descansaremos' enquanto não retornamos a Ele e, por Graça e Misericórdia, deixarmos de ser imperfeita imagem e semelhança para sermos, Nele, perfeição.

A saudade do que interiormente somos mas não podemos viver em determinado momento é apenas uma mera sombra da ânsia interior em nos encontrarmos na casa do Pai. Esse é o anseio profundo que nos marca a vida e trespassa todo o ser.

Nascemos de Deus e para Ele fomos criados. O "não" da desobediência original, que nos assinalou a todos com marca de pecado, faz-nos viver desterrados, fora de nossa  'casa' e perdidos por caminhos errantes e em escuridão de dúvidas e de medos. No meio das incertezas do caminho, o Inimigo vai-nos fazendo aparecer luzes que não são mais que ilusões e miragens. O Segui-las só deixa mais incerteza, dúvida e ânsia, uma vez que nos afastam do caminho para a casa do Pai, esse caminho que interiormente nos é apresentado pela Espírito Santo.

Quando de eterno descanso falamos, não se fala de um 'parar' definitivamente, mas do ser tudo em Deus, porque só Ele é nossa paz, só Nele se preenche nosso ser porque só para Ele fomos criados. O inferno é exatamente o oposto: a ânsia, o pavor, o medo e a absoluta certeza de eterna infelicidade, que advêm da recusa em caminhar para Deus. Ao descanso eterno contrapõe-se a angústia eterna por nada se ter de Deus, por se estar em absoluta ausência de qualquer referência à 'casa do Pai'.