Iniciamos
um novo ano litúrgico. O Advento celebra exatamente o tempo de expetativa, o
tempo de espera do Salvador. Vivemos uma situação que leva, os que creem, a uma
intensificação do pedido a que o Senhor venha a nós com sua força salvadora;
para muitos daqueles que “nem sim nem
não” será ocasião de maior afastamento em relação a Ele. Direi que estamos em
tempo de discernimento, de claro sim, ou não, a Deus.
Para quem
opta por um sim e uma maior aproximação à salvação que Deus nos oferece, é
preciso que não se caia num certo engano de buscar e querer de Deus apenas a
“salvação” e libertação daquilo que é a pandemia e outras situações materiais e
físicas. Esperar a salvação de Deus é, antes de mais, e essencialmente, querer
a salvação da vida na relação com o bem e o mal; é querer que o Senhor nos
liberte do mal, que pode conduzir a uma perdição eterna. As doenças, as
guerras… passarão, deixarão e apoquentar-nos, mais dia menos dia, após a morte
do corpo. Primeiro há que acolher Deus em nossas vidas para que nos liberte dos
poderes do mal. Então, depois do encontro pessoal com Ele, peçamos
ardentemente, que no livre destes males terrenos, pedindo que, acima de tudo,
se faça a sua vontade em nós e que tudo saibamos ver como ocasião de remissão e
oportunidade para mais O acolher em nós.
Preparamos
o Natal. Já se veem luzes a cintilar por aí, mostrando um Natal que não diz
muito. O Senhor quer nascer e crescer em nós, dentro de nossas vidas para
preencher os espaços que quisermos oferecer-Lhe. Só fará parte daquilo em que O
deixarmos entrar: na nossa esperança, na nossa confiança, nos nossos medos, nos
nossos pecados. Sim Deus quer entrar aí para preencher de misericórdia e graça,
o que em nós é desencanto, incerteza, angústia, doença, pecado.
Viver o
Advento é ir deixando que tudo aquilo que em nós é ausência de Deus vá dando
lugar Àquele que é Criador e nos oferece vida constante, Àquele que é Salvador,
nos liberta do pecado, e dá vida em abundância, Àquele que é Santificador
e nos enche de vida plena. Deus vais nascer se deixarmos que o possa fazer.