sexta-feira, 27 de março de 2020

Aos paroquianos de Monte Real e Souto da Carpalhosa


Aos paroquianos de Monte Real e Souto da Carpalhosa

O tempo e a situação que vivemos são estranhos. Nunca, entre nós terá acontecido tal situação de, para nos protegermos uns aos outros, estarmos impedidos de exercer umas das caraterísticas fundamentais do ser humano: a sociabilização. O que acontece tem que ser feito á distância, usando outros meios, não o da proximidade física.

Graças a Deus, são muitos os meios de que dispomos para comunicarmos e estarmos, assim, minimamente presentes nas vidas dos que fazem parte da nossa vida.

Alguns pontos:
1.    Sigamos as orientações que nos são dadas, permanecendo em casa, tudo fazendo para que não seja posta em risco a nossa vida nem as dos outros. Tenhamos presente que se por irresponsabilidade contaminarmos alguém com um vírus que pode causar-lhe a morte é pecado, é grave, é atentar contra a vida.
2.    Habitualmente, fazemos um tempo de adoração do Santíssimo Sacramento, via Facebook CLIQUE AQUI das 15:00 às 16:00 (todos os dias); Missa às 19:00 (segunda a sábado); Missa às 11:30 (domingo). Tendo em conta as frágeis condições de captação de imagem e som, se for possível, ligue o computador ou o telemóvel à televisão, vê-se e ouve-se melhor;
3.    Chegou-nos a informação de que em alguns sítios a imagem peregrina de Nossa Senhora continua a andar de casa em casa. Isso não deve acontecer. Nem as imagens peregrinas, nem os coros da Sagrada Família devem, neste tempo, ser passadas de cada em casa. Devem parar onde se encontram, retomando-se, depois o normal circuito de casa em casa.
4.    Na celebração da Eucaristia rezamos por todas as intenções das comunidades. Se alguém quiser que seja anunciada alguma intenção particular, deve comunicá-la atempadamente.

Não deixamos de aproveitar este tempo, esta ocasião, para repensar a vida e os valores que vivemos, procurando recentrar o que somos e vivemos.

A bênção e a graça de Deus desçam, e permaneçam, sobre cada um.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Tempos Incertos

Mais um dia de necessária clausura nestes tempos incertos. Não temos que queremos, temos o que nos é possível. A nós cristãos, fica-nos a tristeza de não podermos celebrar comunitariamente a fé, mas leva-nos a uma reflexão e tomada de consciência dos momentos de graça divina do que tivemos até aqui e não aproveitámos. Queira Deus, fique em nós uma vontade grande e firme de nos tornarmos mais próximos de Deus, percebendo que não é em nossas mãos que está a salvação.

Hoje e amanhã era, permita-se-me que diga, é o tempo das “24 horas para o Senhor”. Não o faremos diante do santíssimo Sacramento, nas igrejas, para evitar aglomeração de pessoas, mas podemos fazê-lo no silêncio de nossas casas. Estamos a apontar para fazer adoração em privado, mas com transmissão via Facebook, na medida do que nos for possível, amanhã, dia 21, no período da manhã e também no da tarde. Permitindo, assim, que cada um, possa seguir nas suas casas e fazer silêncio orante.

Agora, que temos “todo o tempo do mundo” para rezar, e ainda sobra algum para “pasmar”, deitemos as mãos na massa e construamos um futuro diferente. Depois da tempestade vem a bonança. Não podemos, no entanto, descurar que outras tempestades surgirão.

quinta-feira, 19 de março de 2020

O Tempo Urge


É estranho, ou talvez não, mas faz pensar, isso faz!

Quando vivemos num mundo quase sem fronteiras, onde a velocidade dos aviões nos permite estar em diferentes países num mesmo dia, vemo-nos numa situação em que, quase de um momento para outro, fronteiras se fecham, não para controlar quem passa mas, simplesmente para não deixar passar;

Quando vivemos num tempo em que o dinheiro move o mundo, vemo-nos, de um momento para o outro, a correr o risco de o mundo económico abater;

Quando vivemos no mundo a querer controlar, e a fazê-lo muito já, quem pode nascer ou deve morrer antes de nascer ou depois de envelhecer, vemo-nos numa luta mundial contra a morte ou o risco de morrer;

Quando vivemos num mundo a querer ir a Marte e sendo já conhecedores já da profundidade genética do ser humano e de outros seres vivos, vemo-nos numa luta desigual contra um ser “invisível” que alastra a uma velocidade louca e gera pânico geral;

Quando vivemos num mudo que caminha para um estado de vida que seja puro gozo, vemo-nos, de um dia para o outro, limitados à quase solidão, controlados pelas autoridades, impedidos de muito mais gozo que aquilo que é básico e essencial na vida.

Julgando-nos, nós humanos, inteligentes e controladores da vida, do tempo e da história, vemo-nos paralisados, descontrolados, afastados nas nossas relações, como q eu desconfiando de tudo e de todos, emudecidos debaixo do medo de que o inimigo esteja no beijo que se dá a um filho, no aperto de mão conciliador, na camisa daquele que, a nosso lado, poderia ir à igreja rezar…

Quando passei pela Capelinha das Aparições, em Fátima, na tarde do que seria um dia cheio de gente, encontro apenas uma dúzia de pessoas sentadas, a segura distância, em bancos cheios de pó. Fez-me pensar em abandono. Pensei que ao abandono a que a nossa sociedade vota Deus corresponde a liberdade que Deus nos confere e oferece, deixando-nos ficar em nossas mãos porque é nelas que pomos nossa confiança. Fez-me pensar na facilidade com que nos afastámos das nossas igrejas, porque tivemos que afastar-nos uns dos outros. Peço a Deus que não seja isso sinal de que nos afastamos d’Ele.

Continuamos a rezar em nossas casas, a participar das celebrações da Eucaristia que os sacerdotes continuam a celebrar, pedindo a Deus que todos o façam, mesmo aqueles para quem isso sempre foi impensável.

Faz-nos pensar que não estamos mesmo em nossas mãos e esperar que aquilo que Deus permite seja, sem qualquer momento de hesitação, ocasião para nos abeirarmos d’Ele. Não, não é momento para questionarmos Deus, ou a sua justiça. É momento para, de alma e coração, e definitivamente, nos aproximarmos d’Ele. O tempo urge!

sexta-feira, 13 de março de 2020

Covid-19 Comunicação


segunda-feira, 9 de março de 2020

Seja Domingo ou não!


Quando em Itália algumas comunidades estão impedidas de celebrar missa, numa consequência direta dos riscos de contágio de coronavírus, sendo que, onde se celebra, se aconselhe a retirada da saudação da paz (que nunca foi obrigatória, e é muito mal entendida), no domingo em que o Evangelho nos apresenta a Transfiguração de Jesus, cumpre-me fazer uma reflexão sobre a riqueza da eucaristia, cujas celebrações abundam nas nossas comunidades, sendo tão pouco aproveitadas e desperdiçando as infinitas graças que o Senhor derrama copiosamente sobre aqueles que participam e, por eles, a toda a família e comunidade de que se faz parte. 

Na eucaristia, chamemos-lhe missa, Jesus entrega-se no mesmo e único ato de amor, que é a paixão morte e ressurreição, com que, no Calvário, nos salvou. É exatamente a mesma entrega que acontece na missa. Quem ama Jesus Cristo não precisa de um mandamento que “obrigue” a ir à missa ao domingo. Quem ama Jesus Cristo não presida que seja domingo para ir á missa. Quem ama Jesus Cristo está, sempre que pode, e ainda que com esforço, onde se celebra a missa.

A reação do tipo: nada fazer para participar, ao menos ao domingo, na missa se não se celebra ao pé da porta, manifesta a exterioridade com que se vive a celebração, ainda que pareçam diferentes os sentimentos. É verdade que as distâncias dificultam a participação, sobretudo a pessoas mais idosas, sobretudo quando rodeadas de pessoas a quem a missa nada diz.

Aplicar-se-ia o provérbio “quem não tem pão come broa”, mas não o quero aplicar à realidade da missa porque, de semana ou ao domingo, ela é uma só, embora com algumas diferenças de rito. Tenha-se em conta que a missa de domingo é missa de preceito, a de semana não. Note-se, com todo o sentido também, que não se podendo participar no domingo, a missa nos outros dias da semana também é celebração do mistério Pascal.

Tendo em conta o facto de não se poder celebrar em todos os lados nos dias de domingo, saiba-se que as missas vespertinas são missas de domingo, precisamente porque, liturgicamente, o dia de Domingo se inicias ao entardecer de sábado e termina ao entardecer de domingo. Só as vespertinas são dominicais. 

Triste é podermos participar, seja em que dia for, e não o fazermos.

domingo, 1 de março de 2020

O MUNDO, O DEMÓNIO E A CARNE


Estão na memória de muitos de nós os chamados “inimigos da Alma”, seja dizer-se: os inimigos da Salvação. Mundo, demónio e carne. Reportando-nos ao que nos diz a Escritura sobre o tempo de Jesus no deserto, façamos uma breve aproximação entre Jesus e estes inimigos da alma que, nós tão tranquilamente descuramos.

1.  O mundo não é mais que a mundanidade, o viver distanciados de Deus, pondo no lugar que Lhe compete as realidades mundanas, coisas e pessoas, a que tanto valor damos. Para Deus adota-se o mundo. Jesus retira-se do mundo das coisas e das pessoas, para o encontro com Deus, em retiro, no deserto;

2. Demónio: a força do mal, o príncipe do mundo, como Jesus lhe chama, que tudo faz e se serve para enganar, seduzir, desviar e afastar de Deus as pessoas e a obra da Criação divina. Discreta ou descaradamente, nos envolve e atrai, com ilusões e enganos, fazendo parecer ser bom e meritório o que realmente é mau, condenável e à condenação conduz. É tão fácil ceder que nem é preciso dar passos, tranquilamente se desliza para dentro da “cantiga” com que nos encanta. Jesus afastou-se dele, recusando-o, não cedendo, vencendo-o com a Palavra de Deus, impondo-se a Si mesmo como Senhor da sua vontade e do seu querer fazer a vontade do pai e só a Ele adorar;

3. Carne: são os prazer que se buscam pelo prazer. Nosso corpo é bom, se de equilíbrio e a harmonia se compõe. A sociedade que somos tem como princípio e pano de fundo do existir o “carpe diem” (vive, goza, a vida). Talvez mais do que nunca, nos centramos em nós, na prossecução dos nossos prazeres e tudo orientamos para a realização e o consolo pessoal. O rumo que se vai percorrendo está a orientar-se no sentido de tudo ser lícito e bom, desde que concretize os nossos, por vezes loucos, desejos. Não comemos para viver, mas por enfartar o prazer; não celebramos dentro da alegria, mas buscamos alegra-nos, no exagero do álcool e das drogas, para pensarmos que somos felizes. Jesus jejuou, consagrando o esforço do controle cada um de nós é chamado a ter de si, vivendo como senhores de nós mesmos e não, deixando-nos ser controlados pelo parecer, pelo ter, pelo poder.