
Olhar o nascimento como desgraça leva ver a vida como uma realidade sem graça. Não se percebe o dom que ela é, e o quanto Deus pôs de amor ao conceder-nos a vida e ao chamar-nos a viver.
Viver é o maior dom, a maior graça que um ser pode ter. Por isso é desgraça, a maior, o não ter direito a nascer e a viver.
Vamos cá tentar purificar pensamentos e convicções acerca da vida e do dom que ela é. A vida nunca, em situação alguma, é má. Viver é receber a capacidade para criar, para construir e conceder mais vida. É por isso mesmo que todo o ser vivo procura sempre viver mais forte e mais tempo. Acontece que nós humanos, criados à imagem e semelhança do próprio Criador, recebemos o extraordinário dom da liberdade, que nos possibilita a escolha do bem ou do mal, da vida ou da morte. A vida, em si, é sempre boa, permite-nos, no entanto, no decurso do seu tempo, viver, construir e fazer o mal, que é destruição da vida.
Pensando, damo-nos conta de que os demais seres vivos matam e destroem outros no único intuito de fazer prevalecer a sua vida e a da sua espécie. Já nós, criaturas humanas, temos a terrível capacidade de fazer o mal pelo mal, de destruir a vida em função da morte, sem ligarmos ao facto, latente em nós, de que essa destruição não gera vida vida alguma, mas destrói-nos a nós e à nossa espécie. Assim se percebe que o maior sofrimento humano não é tanto o do corpo como o da angústia que se gera pela morte causada pelo mal, o feito por nós e o feito pelos outros.
Aí aparece Deus, que em Jesus, seu Filho, nos chama à tomada de consciência do que somos realmente e nos reconduz ao caminho que dá vida, ao ponto de nem a própria morte ser vencedora sobre nós, porque participantes da Vida que por Deus nos é concedida. Porque a vida é dom, sempre dom e graça, nunca o tirar a vida pode trazer um bem, muito menos quando está em causa a vida de inocentes, no aborto, no infanticídio...
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