Uma semente pequenina, lançada em
terra escura, na escuridão da terra sepultada, o
silêncio, como de escura noite e a humidade, alma da vida terrena, no segredo
do silêncio, fazem vida germinar naquela semente seca, morta na sua
aparência. Em planta verde, fresca, tenra, aparece à luz do dia a vida em
que aquela semente se transformou e cresce, cresce em rápido ciclo a dar fruto
e novas sementes, sem mais parar, se não for interrompido de morte um dos ciclos de vida
que a semente, pequenina, um dia, gerou ao morrer na noite escura da terra
fresca.
É oportuno que os sábios, depois de atingirem a sua
mais alta sabedoria, conversem com as crianças. São semente viva e são terra iluminada ávida por receber vida e vida semear na
irrequietude de seus gestos e na língua desprendida para lançar, no campo do
mundo, a verdade que aprendem e que são, e alegrarem com o som dos seus sorrisos e a
rapidez das suas correrias, as
vidas cinzentas dos adultos que somos.
As crianças são,
quanto mais crianças mais o mostram, a
concretização bem clara da história da semente pequenina. Aprendem, nem nós
percebemos bem o como ou o quanto, aquilo que a nós nos não passa pela cabeça.
O seu espírito puro, o seu imperturbado desejo de
crescer em todos os sentidos, e a sua incomensurável capacidade para acolher e
criar imaginários, fazem delas, por natureza, o campo perfeito para aprender e
se deixarem embeber daquilo que se lhes dá, seja bem seja mal.
Crescendo, vão
perdendo umas capacidades para ganharem outras e
a elas se adaptarem conforme o lastro que lhes está dentro, desde a infância, e que se vai firmando
ou amolecendo conforme a qualidade das experiências e das pessoas que as
rodeiam, como planta que cresce em ambiente puro ou naquele que
é inquinado de poluição
mortífera.
Queremos, talvez, que cresçam e
depressa deem muito e bom fruto. Dá-lo-ão se, como família que
somos, as soubermos alimentar, regar, e viver em ambiente saudável de bons e
verdadeiros valores humanos e espirituais.
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