
Quem ama deveras sabe que ao dar-se
completamente à pessoa amada, não perde a capacidade de amar os outros, antes a
aumenta. Só o amor total leva à realização pessoal. Um amor dividido, disperso,
deixará sempre insatisfação e dispersão. É assim que se compreende que o amor
de um casal, como o de um padre, só pode ser total: esposos que se amam
realmente não traem, não podem trair, porque todo o seu amor se orienta apenas
num sentido: o marido, a esposa. Assim também, o padre, consagrando-se a Deus,
não pode, se O ama de verdade, dedicar o seu amor, dispersando-o, a outras
pessoas ou coisas. Compreende-se, pois, o casamento monogâmico (casar só com
uma pessoa), como se compreende o celibato (o não sacar) dos padres, como
entrega de si a Cristo.
Ao dedicar um total amor a Jesus Cristo, o
cristão adquire uma ilimitada capacidade de amar e de se entregar aos outros,
precisamente porque põe Deus em primeiro lugar. Entenda-se que o amor a Deus é
o fim último da nossa capacidade de amar. Amando-o exclusivamente, se disso
tivéssemos capacidade, levar-nos-ia a um profundíssimo amor às pessoas e a toda
a obra criada, não em função delas próprias mas de Deus. Talvez entendamos
melhor se dissermos que nosso o amor total a Deus é um amor que atravessa tudo
e todos até repousar Nele. Ora, a intensidade com que se ama Deus será
refletida na intensidade com que esse mesmo amor toca tudo o que Deus criou,
precisamente porque Ele o criou.
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