sábado, 3 de fevereiro de 2018

Misericórdia - Pobreza - Comunidade

Não, não olhemos a imagem assim como nos parece, mas como ela é...

A igreja do Carmelo tornou-se pequena para acolher todos aqueles que acorreram para participar na celebração de Profissão de votos perpétuos da Irmã Emília Maria da santíssima Trindade. Pensei no que pedem e aceitam as irmãs para se consagrarem a Deus: misericórdia, pobreza e comunidade.

Que o Senhor seja misericordioso diante da fragilidade humana, tão propensa ao pecado, que se manifesta nas mais pequenas coisas. O pecado não tem que ser grave para ser recusa de Deus e deixar suas marcas na pessoa.

Pobreza, que se manifesta no deixar para trás tudo aquilo, por pequeno que seja, que é impedimento ao estar com Deus e em Deus, a começar no abdicar de si mesma para acolher a vontade de Deus, que se manifesta na pessoa da madre. Pobreza que é verdadeiro morrer para si mesma, para ser só de Deus.
Comunidade na qual caminhe com as demais irmãs no sentido da santidade. Porque ninguém se santifica sozinho, mas em comunhão, em igreja.

Que pedem senão aquilo que pediram e a que se comprometeram, elas e cada um de nós, no batismo. Nele, por pura misericórdia divina, recebemos a graça do perdão do pecado original. Nele nos comprometemos, recusando o príncipe do mundo e as suas seduções, a uma aceitação e entrega total a Deus, fazendo-nos verdadeiramente pobres para nos enchermos só de Deus. Nele somos acolhidos e nos integramos numa comunidade, a comunidade dos filhos de Deus, a Igreja, para nela caminharmos e nos santificarmos.

Vivemos esta consagração com diferente intensidade, cada um a seu modo e segundo o chamamento que sente de Deus. Não estranhemos no entanto que mulheres e homens, escolhidos e chamados por Deus, a Ele se consagrem totalmente, retirando-se do mundo não como fuga, mas para uma maior e mais sublime entrega de si, buscando a glória de Deus e oferecendo-se pela santificação daqueles que no mundo continuam a buscar caminhos de santificação.

Não, não olhemos a imagem assim como nos parece, mas como ela é... a entrega à clausura não é fechar-se mas abrir-se a Deus e ao mundo pela entrega pessoal. E não é verdade que quem vive em clausura não pode sair, nós é que não podemos entrar, porque não entendemos, porque o mundano não entende. Quem está, está porque assim o escolheu, e é, geralmente, de "invejar" sua felicidade.