terça-feira, 26 de junho de 2018

É Preciso Mais...


Recordo facilmente como vivi uma infância assente em ritmos muito próprios e definidos. Nas aldeias, não imagino como seria nos grandes aglomerados populacionais, os dias dividiam-se claramente em dia e noite, sendo que um tempo era para trabalhar, brincar, e o outro para dormir, descansar. O ritmo do trabalho assentava em seis por um, seis dias para trabalhar e um para rezar e descansar. Por férias contavam-se pelo tempo que as escolas nos permitiam ficar em casa, sem aulas, tornando-se ocasião para os trabalhos que os pais se encarregavam de arranjar para os filhos, recheados ainda com o que da escola nos era mandado fazer nesse tempo de férias.

Os tempos e as mentalidades mudaram à velocidade do voo. Para muitos, as noites transformaram-se em "dia" e os dias em "noite". O pijama tira-se ao final da tarde porque se aproxima o tempo de sair da cama, ou do computador, e de casa. Claro que para muitos isto soa a exagero, e é-o, mas é a imagem do estilo de vida que esta sociedade vai assumindo.

Como se esbatem os tempos de trabalho e de descanso, se dia e de noite, esbatem-se também os "tempos" do mundo e os de Deus, como se esbate a diferença entre o bem e o mal. Estão aí os tempos de férias, tempos de uma maior dispersão das famílias, que procuram, na medida do possível, novas paragens para passar alguns dias.

Distantes ou por cá, muitos perdem o já pouco interesse que vão sentindo por Deus e pelas suas "coisas", como se de férias se tratasse também. Direi o que pode não ser entendido e, naturalmente, a muitos não interessa: o tempo de férias deve ser, porque é preciso ser, tempo de intensificação de oração e relação com Deus, na oração. A maior disponibilidade de tempo, os grupos dos amigos, as festas e festivais, o excesso nos consumos de álcool e drogas, o entusiasmo desmedido na condução, a falta de descanso, a falta de oração... aumentam, em muito, o risco de nos perdermos, particularmente os mais jovens, os nossos filhos, os filhos dos nossos amigos. É preciso mais oração por nós mesmos e pelos demais. Quanto mais precisamos menos tempo lhe dispensamos.