quinta-feira, 7 de março de 2019

Nada... Cinza


Olho o tempo, as pessoas e a vida
e cada vez mais, Senhor,
percebo que somos pó frágil.
Seres que de nada vivem seguros,
que de um nada, e por nada, partem
e o tempo chega ao fim.
Sei que não é ilusão o que somos,
mas muitos em ilusão vivemos,
como se o presente fosse tudo
sendo a eternidade nada.
Cinza, chamas-nos a ato humilde,
a sentir e a pensar,
num gesto forte, que somos cinza, pó,
que nada mais seriamos se não fosse
tua graça, em dom derramado,
a fazer-nos viver e a sermos tudo,
um tudo porque deste teu Sangue;
um nada que levou um Deus
a dar tudo, depois de fazer-se "nada".
Desde sempre assim foi,
porque desde que somos gente,
orgulhos, tudo queremos ser,
esquecendo que somos cinza, pó...
Na atitude de inclinar a cabeça
e nela se derramar cinza, pouca,
tão pouca que é quase nada,
faz, Senhor, que nosso olhar
olhe o pó, o nada, que somos
diante de tua Majestade.
E a reflexão no silêncio
nos faça elevar a mente para Ti
e pensar que, por nós, nada somos,
mas que, em Ti,
atingimos a dignidade de ser
filhos de Deus.
Dá-me, Senhor, um humilde coração.
Ámen