sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Em Espera

Se pararmos um pouquinho e tivermos paciência para esperar e pensar reparamos que a vida, por mais azafamada que seja, é uma espera, uma espera permanente do que, humanamente, nunca se alcança, porque é nosso anseio ter e querer sempre mais, ir sempre mais além daquilo a que já se chegou.

O Evangelho apontava-nos como exemplo e modelo as virgens prudentes a par com as insensatas (sem juízo), modelos a seguir e a não seguir, respetivamente. Porque o noivo chegou em tempo de atraso o azeite das almotolias de umas terminou e o das outras, as sensatas, não chegaria para todas, de modo a que aquelas não puderam, depois de haverem sido convidadas, entrar na festa para a boda. Ficaram de foram porque o noivo afirmou não as conhecer. Não eram o que pareciam ser.

O Céu, a eternidade, é o festim dos festins, a plena alegria que se viverá por toda a eternidade. A vida é o tempo de espera entre o convite para as bodas, a chegada do noivo e a entrada na eternidade. Estamos em plena espera, aguardando a chamada pessoal que acontecerá em algum momento, não sabemos quando porque o noivo virá a hora e dia que não sabemos. Importa que não nos encontre adormecidos. Se assim nos encontrar, é bom que tenhamos suficiente azeite, combustível, para a candeia que nos entregou ao criar-nos. Porque a vida é esta candeia que temos em nossas mãos e que somos chamados a manter acesa pelos pensamentos, palavras e atos com que alimentamos a chama que ilumina o caminhar.

A chegada do noivo é o chamamento e ordem a que entremos, apresentando diante do Senhor todas aquelas coisas com que enchemos nossos alforges e com que quisemos manter acesa a chama dessa candeia que é a vida. Ele retirará e destruirá tudo o que, depois de todas as limpezas operadas pelo sacramento da reconciliação, ainda houver para limpar e tudo destruirá no fogo da Sua misericórdia. Deixará então nossa candeia escancarada. Se for suficiente a bagagem de combustível para entrar na festa, Ele mesmo dará o que falta acabando de encher nossas medidas. Se não for suficiente retirará o pouco que tivermos para dar a outros e dirá "Não te conheço". "Pois àquele que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo aquilo que tem lhe será tirado" (Mc 4,25). Este é o tempo trabalhar pela salvação. (19-nov-17)