Se pararmos um pouquinho e
tivermos paciência para esperar e pensar reparamos que a vida, por mais
azafamada que seja, é uma espera, uma espera permanente do que, humanamente,
nunca se alcança, porque é nosso anseio ter e querer sempre mais, ir sempre
mais além daquilo a que já se chegou.
O Evangelho apontava-nos como
exemplo e modelo as virgens prudentes a par com as insensatas (sem juízo),
modelos a seguir e a não seguir, respetivamente. Porque o noivo chegou em tempo
de atraso o azeite das almotolias de umas terminou e o das outras, as sensatas,
não chegaria para todas, de modo a que aquelas não puderam, depois de haverem
sido convidadas, entrar na festa para a boda. Ficaram de foram porque o noivo
afirmou não as conhecer. Não eram o que pareciam ser.
O Céu, a eternidade, é o festim
dos festins, a plena alegria que se viverá por toda a eternidade. A vida é o
tempo de espera entre o convite para as bodas, a chegada do noivo e a entrada
na eternidade. Estamos em plena espera, aguardando a chamada pessoal que
acontecerá em algum momento, não sabemos quando porque o noivo virá a hora e
dia que não sabemos. Importa que não nos encontre adormecidos. Se assim nos
encontrar, é bom que tenhamos suficiente azeite, combustível, para a candeia
que nos entregou ao criar-nos. Porque a vida é esta candeia que temos em nossas
mãos e que somos chamados a manter acesa pelos pensamentos, palavras e atos com
que alimentamos a chama que ilumina o caminhar.
A chegada do noivo é o chamamento
e ordem a que entremos, apresentando diante do Senhor todas aquelas coisas com
que enchemos nossos alforges e com que quisemos manter acesa a chama dessa
candeia que é a vida. Ele retirará e destruirá tudo o que, depois de todas as
limpezas operadas pelo sacramento da reconciliação, ainda houver para limpar e
tudo destruirá no fogo da Sua misericórdia. Deixará então nossa candeia
escancarada. Se for suficiente a bagagem de combustível para entrar na festa,
Ele mesmo dará o que falta acabando de encher nossas medidas. Se não for
suficiente retirará o pouco que tivermos para dar a outros e dirá "Não te
conheço". "Pois àquele que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo
aquilo que tem lhe será tirado" (Mc 4,25). Este é o tempo trabalhar pela
salvação. (19-nov-17)
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