O que acreditamos é o que
queremos, aquilo por que ansiamos e pelo qual lutamos. Conscientemente ou não,
os desejos que temos, o sentido de vida e o caminho que percorremos, vão dar
àquilo que é tesouro do coração.
Um egoísta concentra-se em si
mesmo. Ainda que o seu olhar passe pelos outros, a profundidade e os fins de
suas ações, embora possam parecer altruístas, não se dirigem senão a si mesmas,
buscando e sentindo consolo no que faz. Quer consolação pessoal e para tal
"serve-se" da ideia de fazer bem aos demais. Verdade que pode ter
feito muito bem, mas fê-lo em autorrealização.
Um altruísta, aquele que sai
de si para encontrar a felicidade dos outros, não busca realização pessoal, o
que faz fá-lo com o sentido dos outros, mais ainda, com o sentido de Deus. Não
se buscando a si mesmo, acaba por encontrar uma realização e felicidade
interiores muitos maiores que aquelas que alcança atua a pensar em si mesmo. A
verdadeira felicidade está, de facto e sem dúvida, no facto que fazermos que os
outros sejam felizes.
Claro que é preciso estar-se
atento e fazer da entrega de si mesmo um ato contínuo, tanto quanto o
permitirem as nossas limitações e amor próprio. Fazer pelo outro é já largo
caminho para se alcançar aquela felicidade por que profundamente se anseia.
Fazer por Deus é caminho de perfeição, o único que realmente pode conduzir a
esse estado de plena harmonia interior. Não, humanamente não se consegue, por isso
o Céu começa a acontecer nesta vida, mas so se alcança após a morte.
Depois deste longo preâmbulo,
talvez possamos entender um pouquinho mais o amor com que Maria se confiou à
vontade de Deus: Ela, mais que ninguém, e isso recebeu-o de seus pais e como
graça de Deus, ansiava a libertação, a salvação, da humanidade. tendo sido
criada, sem o saber, isenta de qualquer mancha de pecado, vivia, por graça de
Deus, em estado de perfeição, sendo a sua vida uma plena oferta de si mesma
pela salvação de cada pessoa das garras da morte. Por especial dom de Deus esta
salva e, naturalmente, queria (quer) a salvação de todos. Mais que qualquer um
de nós, mais que todos nós juntos, esperou, ansiou e, por isso, Nela se
realizou e aconteceu a salvação do género humano. (03-12-17)
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