quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Ainda é Natal


É Natal. Cada um o vive à sua maneira e medida. Para muitos não passará de um único dia, talvez uma noite. Para nos cristãos é um tempo que começa com o nascimento de Jesus e termina, apenas, na celebração da Festa do seu Batismo (este ano, no dia 8 de janeiro).
As celebrações na paróquia são vividas da forma habitual.No próximo domingo faremos o Jubileu das famílias, 24 casais que celebram bodas matrimoniais, já disseram estar presentes.

Ficam algumas fotos, de baixa qualidade, foram feitas com telemóvel. São o pre´sepio e a capela mor da igreja paroquial


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Noite de Silêncio

A noite é de muita, demasiada, azáfama. É noite de Natal e o silêncio impõe-se nas ruas. Tudo parece deserto. Mas o barulho não deixou de acontecer. Fechou-se dentro de portas, nas nossas casas, sentou-se à mesa e escondeu-se em papéis de embrulho que quando são rasgados fazem explodir expressões de gratidão, quem dera que não fosse falsa tantas vezes, para logo terminar no silêncio do travesseiro, se a comida e a bebida foram com sentido.

É noite de Natal, noite em que Deus nasce se encontra corações revestidos de acolhimento, como o foram as palhinhas de Belém. Não, não é a celebração do aniversário de Jesus, embora muitos, cristãos mesmo, o pensem e digam. É bom mesmo que não seja um simples aniversário, porque seria o mais triste de todos, por ser o aniversário de alguém que é completamente esquecido e atirado para fora da memória, da mente da grande maioria daqueles que, supostamente, o celebram. Eu não quereria tal festa e acredito que Deus também não.

Não foi por acaso que Deus se retirou do rebuliço da cidade, da estalagem e mesmo de numerosa família, para nascer. Só assim o poderia fazer em verdadeira festa e alegria, porque não foram humanos os cantares e as vozes que celebraram, mas divinas as vozes e espirituais os cantores. Só os pobres, os silenciosos da sociedade, nas pessoas dos pastores, aqueles que perante tal boa notícia pasmaram sem conseguir falar e diante da visão do Salvador fizeram nascer lágrimas de gratidão. Finalmente Deus veio salvar o seu povo.

A cidade continua em rebuliço, as estalagens empanturram-se de barulhos de música e luz na mira de conseguirem lucrar. E Deus continua a retirar-se para nascer, permanecer, crescer e viver, no silêncio. Não que não possa estar na confusa agitação, mas porque só entra e está onde for convidado e acolhido. A tal agitação e barulho interior preenchem tanto o coração que transbordam para a alma, e uma alma sem recatado silêncio não ouve nem acolhe Deus, porque Deus fala baixinho e atua em rumor, sem ressoar de tambores.


Talvez seja esta a noite para começar a fazer Natal, a esvaziar corações, a preparar as palhinhas da humildade, da oração... para o Menino nascer. (24-12-18)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Maria em Espera

O que acreditamos é o que queremos, aquilo por que ansiamos e pelo qual lutamos. Conscientemente ou não, os desejos que temos, o sentido de vida e o caminho que percorremos, vão dar àquilo que é tesouro do coração.

Um egoísta concentra-se em si mesmo. Ainda que o seu olhar passe pelos outros, a profundidade e os fins de suas ações, embora possam parecer altruístas, não se dirigem senão a si mesmas, buscando e sentindo consolo no que faz. Quer consolação pessoal e para tal "serve-se" da ideia de fazer bem aos demais. Verdade que pode ter feito muito bem, mas fê-lo em autorrealização.

Um altruísta, aquele que sai de si para encontrar a felicidade dos outros, não busca realização pessoal, o que faz fá-lo com o sentido dos outros, mais ainda, com o sentido de Deus. Não se buscando a si mesmo, acaba por encontrar uma realização e felicidade interiores muitos maiores que aquelas que alcança atua a pensar em si mesmo. A verdadeira felicidade está, de facto e sem dúvida, no facto que fazermos que os outros sejam felizes.

Claro que é preciso estar-se atento e fazer da entrega de si mesmo um ato contínuo, tanto quanto o permitirem as nossas limitações e amor próprio. Fazer pelo outro é já largo caminho para se alcançar aquela felicidade por que profundamente se anseia. Fazer por Deus é caminho de perfeição, o único que realmente pode conduzir a esse estado de plena harmonia interior. Não, humanamente não se consegue, por isso o Céu começa a acontecer nesta vida, mas so se alcança após a morte.

Depois deste longo preâmbulo, talvez possamos entender um pouquinho mais o amor com que Maria se confiou à vontade de Deus: Ela, mais que ninguém, e isso recebeu-o de seus pais e como graça de Deus, ansiava a libertação, a salvação, da humanidade. tendo sido criada, sem o saber, isenta de qualquer mancha de pecado, vivia, por graça de Deus, em estado de perfeição, sendo a sua vida uma plena oferta de si mesma pela salvação de cada pessoa das garras da morte. Por especial dom de Deus esta salva e, naturalmente, queria (quer) a salvação de todos. Mais que qualquer um de nós, mais que todos nós juntos, esperou, ansiou e, por isso, Nela se realizou e aconteceu a salvação do género humano. (03-12-17)