quinta-feira, 17 de maio de 2018

compreender o incompreensível

Fascinava-me, era eu pequenito, ver como depois de semeadas as sementes, as plantas furavam a terra e, devagarinho, iam crescendo, verdinhas e viçosas. Passava o tempo e a transformação continuava até se tornarem maduras as novas semente que na planta eram geradas. E o ciclo recomeçava, algumas daquelas sementes haviam e ser semeadas e dar mais fruto, sempre mais, como em ciclo eterno. Ninguém duvida desta realidade pois todos a percebemos a acontecer, embora não percebamos exatamente o como acontece.

Um Deus que se humaniza e se faz homem é caso para nos fazer pensar muito e só a fé nos pode levar à aceitação, porque não atingimos a compreensão. Sim, aceitamos sem sequer pensar, e porque não pensamos também não questionamos muito, acabando por dizer acreditar mas viver como quem não acredita, porque não assumimos realmente que acreditamos.

Um homem que depois de ser morto retorna à vida e se faz presente junto dos amigos em corpo espiritual, mas que se torna sensível ao ponto de poder ser tocado. Um homem que se eleve e que, entre o céu e a terra, desaparece dos olhares humanos não é magia, é realidade. Realidade aceitável pela fé, porque a razão não alcança, não pode alcançar, por se tratar de realidade para além do humanamente compreensível. 

A fé, só a fé pode levar-nos a deixarmo-nos envolver por esta realidade a que somos chamados. A ela chamados porque, embora sendo humanos, existimos para o divino e eterno. Se Deus se fez Homem foi para elevar o Homem da realidade humana à divina. A Fé é dom, mas depende de nós a sua aceitação.

Não compreendemos, claro que não compreendemos por nós mesmos, apenas por graça divina. Se não compreendemos o evoluir da natureza, das coisas e da vida onde estamos tão inseridos, como haveremos de querer compreender e abarcar a dimensão e a realidade divinas, se estão infinitamente "distantes" de nós. Infinitamente distantes mas em profunda intimidade porque na Ascensão Jesus levou até ao Céu a nossa humanidade. Deus viveu a nossa humanidade para que nós vivamos a sua divindade.