quinta-feira, 19 de março de 2020

O Tempo Urge


É estranho, ou talvez não, mas faz pensar, isso faz!

Quando vivemos num mundo quase sem fronteiras, onde a velocidade dos aviões nos permite estar em diferentes países num mesmo dia, vemo-nos numa situação em que, quase de um momento para outro, fronteiras se fecham, não para controlar quem passa mas, simplesmente para não deixar passar;

Quando vivemos num tempo em que o dinheiro move o mundo, vemo-nos, de um momento para o outro, a correr o risco de o mundo económico abater;

Quando vivemos no mundo a querer controlar, e a fazê-lo muito já, quem pode nascer ou deve morrer antes de nascer ou depois de envelhecer, vemo-nos numa luta mundial contra a morte ou o risco de morrer;

Quando vivemos num mundo a querer ir a Marte e sendo já conhecedores já da profundidade genética do ser humano e de outros seres vivos, vemo-nos numa luta desigual contra um ser “invisível” que alastra a uma velocidade louca e gera pânico geral;

Quando vivemos num mudo que caminha para um estado de vida que seja puro gozo, vemo-nos, de um dia para o outro, limitados à quase solidão, controlados pelas autoridades, impedidos de muito mais gozo que aquilo que é básico e essencial na vida.

Julgando-nos, nós humanos, inteligentes e controladores da vida, do tempo e da história, vemo-nos paralisados, descontrolados, afastados nas nossas relações, como q eu desconfiando de tudo e de todos, emudecidos debaixo do medo de que o inimigo esteja no beijo que se dá a um filho, no aperto de mão conciliador, na camisa daquele que, a nosso lado, poderia ir à igreja rezar…

Quando passei pela Capelinha das Aparições, em Fátima, na tarde do que seria um dia cheio de gente, encontro apenas uma dúzia de pessoas sentadas, a segura distância, em bancos cheios de pó. Fez-me pensar em abandono. Pensei que ao abandono a que a nossa sociedade vota Deus corresponde a liberdade que Deus nos confere e oferece, deixando-nos ficar em nossas mãos porque é nelas que pomos nossa confiança. Fez-me pensar na facilidade com que nos afastámos das nossas igrejas, porque tivemos que afastar-nos uns dos outros. Peço a Deus que não seja isso sinal de que nos afastamos d’Ele.

Continuamos a rezar em nossas casas, a participar das celebrações da Eucaristia que os sacerdotes continuam a celebrar, pedindo a Deus que todos o façam, mesmo aqueles para quem isso sempre foi impensável.

Faz-nos pensar que não estamos mesmo em nossas mãos e esperar que aquilo que Deus permite seja, sem qualquer momento de hesitação, ocasião para nos abeirarmos d’Ele. Não, não é momento para questionarmos Deus, ou a sua justiça. É momento para, de alma e coração, e definitivamente, nos aproximarmos d’Ele. O tempo urge!