Ele, São José, é, sem dúvida, um homem fora de
série, não deixando de pensar que muitos outros há, nenhum como, ele é claro.
Noivo de uma jovem bela, nem ele
sabia o quanto, sem qualquer mancha que lhe pudesse apontar a mais pequena
culpa. Um dia percebe que Ela está grávida. Ele não entende, não pode ser, mas
está. Ele é um Homem, um Homem de verdade, um Homem justo. Não compreende, não
sabe como, não sabe porquê, mas também não pode expor a mulher que ama, não
pode condenar, não há nada em que possa apontar.
Não a expõe a Ela, opta por
assumir-se culpado, hipócrita, sem caráter, um fugitivo. Assim seria a partir
do momento em que fizesse o que tinha pensado "repudiá-lA em
segredo".
Quanta dor, quanta lágrima, quanta
pergunta sem resposta, quanta noite sem dormir, quanta dúvida, quanta oração! E
Deus em silêncio.
Ousamos nós queixar-nos do silêncio
e das faltas de resposta por parte de Deus! É evidente que Deus sabia o coração
que havia naquele homem, confia-lhe uma missão
sublime a mais grandiosa e bela de todas as missões. Sem o avisar,
confia-lhe a sua Mãe, mais, confia-se a Si próprio, à sua guarda, à sua
proteção. Põe nas suas mãos a salvação da humanidade, e fica em silêncio.
Porque Deus é silêncio, embora
ensurdecedor, põe na fragilidade de nossas mãos a vida que nos confia. Em
invisível proteção rodeia-nos de sua Graça, protege-nos dos riscos de morte, a
verdadeira morte, através de Anjos que são guardas. Veste-nos com a sua força,
o ânimo do Espírito Santo e fica Ele mesmo a velar por nós: "Eu estarei
convosco até ao fim dos tempos", Ele está, porque os tempos ainda não
chegaram ao seu fim.
Porque Deus liberta, sem por um
infinito lapso de tempo nos esquecer - Ai de nós se o fizesse - derrama sobre
nós a total liberdade, pondo em nossas mãos as suas consequências.
Se são nossas as decisões a tomar,
o bem ou o mal a escolher, é sua a Misericórdia
que O faz continuar presente, sempre presente, e mais atuante no
silêncio e na dor, de mãos estendidas, no olhar terno dos Anjos e no gemido
interior do Espírito a atrair-nos para Si, a esperar, sempre, que Lhe demos
sinal de que queremos acolher Sua mão. Se a confiança é grande, mas se
hesitamos, temos dúvida, ou não percebemos, aí sim, Ele fala claramente, no
modo que escolher, para dizer: "Não tenhas medo". 18-12-2016
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