Criados à imagem e semelhança de Deus. Vamos lá refletir
um pouquinho sobre isso mesmo e tentar, humanamente, perceber tal graça. Sempre
com a absoluta certeza de que a Palavra de Deus é verdadeira e eficaz. Verdade
também, é o facto de que é humanamente, e para humanos, escritas, por isso
mesmo colhendo em si todas as limitações de texto e contexto.
Imagem e semelhança de Deus… Isso mesmo,
carregados de liberdade e amor. Liberdade que nos leva a escolher o que é bom e
amor que é capacidade de entrega de si mesmo ao outro.
Depois de ter preparado o mundo, um belo jardim,
criou o ser humano, homem e mulher. Criou-os cheios de graça, de vida, porque
sem manha de pecado original. Essa deve-se a à origem da humanidade, porque as
primeiras pessoas (seres humanos) cederam à tentação do demónio. Ele, orgulhos
do poder e beleza que Deus lhe tinha concedido (era um Anjo), sentiu inveja da
criatura que seria imagem e semelhança de Deus. Precipitado nas trevas
infernais, porque a ausência de Deus é verdadeiro inferno, quis arrastar
consigo a humanidade, destruindo assim o plano criador de Deus.
Projetou no íntimo da liberdade humana o
malfadada ideia de querer ser como Deus. É exatamente essa marca que continua
patente em nós. Aquilo que queria para ele, e que o precipitou nas trevas, incutiu-o
em nós arrastando-nos consigo, provocando a perda da graça e a consequente
expulsão do jardim belo para nós criado.
Pensemos que tínhamos tudo, toda a Graça de
Deus, a plena felicidade por participação da Sua imagem e semelhança. Numa
ideia: quisemos apoderar-nos e ter como nosso aquilo que, de facto tínhamos,
mas como dom de Deus.
A obra da criação, pela nossa desobediência,
estava irremediavelmente manchada e todas as criaturas a sofrer as
consequências porque geradas por
criaturas manchadas.
Mas o demónio não vence, não vencerá. Deus
estabelece uma nova criação. Por graça extraordinária e perfeito dom de Deus Maria
é concebida sem essa marca, essa mancha. É concebida cheia de graça, verdadeira
imagem de Deus. Em consequência, também Jesus, filho de Maria (sem pecado
original) e do próprio Deus, é nova criatura. Ambos com liberdade e capacidade
para querer ser como Deus, fizeram-se servos, pondo Deus acima de todas as
coisa em suas vidas. Aliás, pondo unicamente Deus como razão de seu viver.
Em virtude desta nova criação, participando da
Vida de Deus, por Jesus, Seu Filho, tornámo-nos filhos. Filhos, não cheios de
graça, porque marcado pelo pecado das origens, mas com graça e capacitados para
caminhar, para o Eterno Jardim, por participação na Graça de Jesus.
Não por nós, que pecadores somos, mas por Ele,
que se oferece em Graça e permanece em nós, e atraídos e guiados por Maria, a
Mãe que, querendo nós, faz caminho conosco.
A ação
do demónio continua, mas não nos atinge mortalmente se a nossa confiança de mantém na Divina Misericórdia.