Somos
batizados e queremos o batismo para os nossos. Talvez não percebamos muito bem
porquê nem para quê, mas que queremos, queremos. Mais, ainda, queremos que no
funeral seja celebrada missa, ainda que ao longo da vida ela tenha sido
arredada dos afazeres do defunto.
O Papa
Francisco dizia, há dias, que era preciso batizar as crianças para que o
Espírito Santo entre em suas vidas e atue nelas. Esta expressão tem bem mais
que se lhe diga do que aquilo que no primeiro momento possamos pensar: o
Espírito Santo atua independentemente da nossa ação. Quanto aos frutos dessa
ação, esses sim, dependem da nossa aceitação e atuação.
A
vocação, o chamamento, à vida sacerdotal, e estamos em Semana de Vocações, é um
estado, não uma profissão. Como o ser cristão, é uma forma de viver e de ser.
Deus quer que a sua ação no mundo e na história aconteça através de pessoas,
não de Anjos. Por isso escolheu homens e mulheres por quem atua e realiza a
Salvação.
O
sacerdócio ministerial é apenas exercido por homens. Esse é o ponto que menos
interessa nesta reflexão. Importa pensar que Deus atua através do sacerdote.
Queiramos ou não, atua. Seja o sacerdote muito ou pouco pecador (ninguém é
pouco), Deus atua por ele. A Graça e os frutos dessa ação de Deus dependem do
sacerdote, sem dúvida que sim, mas os seus efeitos dependem essencialmente
daqueles sobre, em função de quem, atua.
Entenda-se,
assim, que a oração, o ânimo que procura dar-se, pelo sacerdote frutifica nele
mas atua, de imediato, sobre quem reza e anima, e sobre a comunidade. O
sacerdote não atua em função de si mesmo, é instrumento de Deus para que Ele
atue sobre a humanidade e, particularmente, sobre as comunidades que ao
sacerdote foram confiadas.
Não se
julgue que quando se pede oração pelos sacerdotes é em função dele. Não, é em
função da Igreja, para glória de Deus e bem das almas. Assim também, quando,
por mal, se diz e faz alguma coisa aos sacerdotes, está a cortar-se a ação de
Deus sobre a comunidade que por eles são servidas. Não estou a defender os
sacerdotes, estou a tentar fazer perceber o que perdem e ganham as nossas
almas.
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