Pode chegar a cansar o facto de andar-mos todos os anos a falar do assunto, repetindo, naturalmente, as questões, as razões, os quês e os porquês. Cada ano a Semana dos Seminário se repete em jeito de recordação, lembrança, mas, acima de tudo, de apelo.
O problema pode não nos afetar muito, porque nos não "inclinamos" sobre ele. O Seminário é uma realidade que nos passa ao lado, na medida em que estamos alheados das preocupações que têm a ver com a nossa fé. Ainda não sentimos, de facto, as consequências da falta de sacerdotes. Até agora têm dado para as "encomendas". Assim acontece porque não é muito o que buscamos de Deus, através deste mistério ( e Ministério) inefável do sacerdócio que Jesus instituiu.
O mais dramático não é a não necessidade de sacerdotes, o verdadeiro problema está em que não sentimos necessidade de Deus. Acreditamos bastarmo-nos a nós mesmos e, como tal, Deus acaba por ser perfeitamente descartável. Pelo menos até ao momento da dor, da angústia. Aí sim, buscamo-lO, mas numa grande percentagem das vezes, fazemo-lo para O acusarmos dos males que em nós, nos outros, e no mundo acontecem. Sobre Ele descarregamos, atirando-Lhe as culpas de tudo o que de menos bom vai sucedendo.
Há uma necessidade urgente de que nós, cristãos, percebamos o sentido de Deus em nossas vidas. Ousaria chamar para aqui o sentido político da humanidade: não está em causa que seja numeroso, sem limites, o povo de Deus; não está em causa o número de militantes que a Ele aderem para que seja a maior força de poder. Em causa está a salvação, a vida, não a de Deus porque é Ele a própria Vida, mas a nossa, aquela para que fomos criados e que podemos estar a deixar escapar na indiferença da vida que somos e vivemos. Porque a força de Deus se manifesta na fraqueza, nos mais "pobres", naqueles homens e mulheres que, por serem e se sentirem pobres de si mesmos, se deixam encher e enriquecer de Deus.
Rezar pelos seminários é ser Igreja, sinal e presença de Deus no mundo.
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