Este é, para muitos, tempo e ocasião para viver um profunda solidão e tristeza, sentimentos que advêm de uma, mais ou menos real, certeza de que este é, por natureza, tempo de verdadeira felicidade para todos, o que acentua mais ainda os aspetos que marcam menos positivamente a vida de cada um, as vidas de tantos.
Lia um artigo afirmativo de que esta é a época mais hipócrita do ano. É-o de facto, não por si, mas pelo que dela fazemos. As épocas, os tempos ou as coisas, não são hipócritas, somo-lo nós que, hipocritamente, somos e vivemos cada época do tempo que a vida nos proporciona.
Este é o tempo mais belo que pode ser vivido, seja por quem for, o que não quer dizer que todos assim o vivam: este é o tempo, o único tempo que existe. O passado passou e foi o que dele fizemos, o futuro será o que hoje somos e o que amanhã formos.
Este é tempo em que Deus nasce e dá fecundidade à vida daqueles que preparam "terreno" para que a semente do Verbo possa gerar e dar fruto; este é o tempo em que Deus, oferecendo-se na aceitação da vontade do Pai, se dá e salva aqueles que sabem curar as feridas da falta de sentido de vida, as feridas de pecado, com a Palavra que guia, o Corpo e o Sangue que alimentam; este é o tempo favorável do encontro com o Deus criador que nos recria, o Deus Salvador que nasce, se entrega, e salva, o Deus santificador que move aqueles que se tornam dóceis à sua voz para que vivam e façam de toda a sua existência uma época de encontro com a plenitude divina e dela sejam portadores para aqueles com quem cruzam suas vidas.
Este é o tempo, o melhor, porque o único tempo, para que uns e outros, todos: ricos e pobres, saudáveis e doentes, pequenos e grandes, iludidos com a vida ou com ela desiludidos, abram coração e mente, tudo o que são, para que Deus possa nascer, crescer e salvar: para que aconteça mesmo Natal, vivido sem hipocrisia, só em verdade e, então sim, possa ser natal todos os dias.
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