Sem que entremos em pormenores que, além de secundários, são irrelevantes para o caso, sabemos a realidade de algumas culturas que, nas suas justas razões, tomavam por impura a mulher menstruada ou parturiente: havia derramamento de sangue e esse era motivo que que fosse praticamente votada ao isolamento. Deixemos para lá e centremo-nos numa outra ideia, em que me comprazo pensar e quero partilhar convosco que ledes estas palavras.
Quarenta dias depois do nascimento todo o primogénito de Israel era apresentado no Templo. Nesse ato acontecia também a purificação da mãe da criança apresentada. Maria e José cumpriram o que a Lei prescrevia e tudo fizeram com exterior precisão, sendo que interiormente, de coração, o fizeram com a mais requintada dignidade e intenção.
Deixando a apresentação de Jesus e centrando-nos na purificação de Nossa Senhora, cabe-nos pensar na impensável e inefável grandeza e também na humildade daquela que, única na história do universo, foi, é, e será pura, e, como tal, isenta de toda e qualquer necessidade de ser purificada.
Não foi, em momento algum, beliscada a sua graça, perdida a sua pureza. Imaculada foi criada e Imaculada chegou ao fim de seus dias nesta terra, que é de passagem. Mas Ela, porque em perfeição de humildade e em pleno Sim sempre viveu, tudo aceitou e plenamente cumpriu os preceitos que Deus havia dado ao Povo a que pertencia.
Celebrar, e rezar, a purificação de Maria é, por si, ato e momento de pensar e olhar os pensamentos, atos e palavras, que fazem parte de nós, todos, e que são impuros, porque imperfeitos. Olharmo-nos no que somos e, olhando para Ela, espelho de Deus, nos vermos refletidos e inundados na luz, na beleza e na graciosidade que Lhe são naturais.
Bebendo da fonte pura, Aquela que, sendo só pureza, foi purificada, somos purificados e inebriados de Deus
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