Falando
de Deus, falaremos sempre conforme as nossas capacidades e entendimento.
Falamos de tempo e de eternidade: o tempo é o que medeia entre um momento e
outro, a eternidade é o que não tem principio nem fim. Vivemos no tempo e, pela
morte, seremos integrados na eternidade de Deus. Tivemos um princípio, fomos
criados, não teremos fim, porque viveremos em Deus ou no estado de ausência de
Deus.
Se o
viver em Deus, o viver a que Ele nos chama e atrai, é de plena felicidade, o
viver na Sua ausência é a plena infelicidade. Não conseguimos, ao menos,
conceber a ideia do que é sofrimento, solidão, em plenitude, sem qualquer
sensação de bem, como não conseguimos ter a ideia da felicidade plena, sem
qualquer sensação de mal-estar. Fazemos apenas pequenas experiências de um e de
outro estados. Um deles será definitivamente eterno para cada um.
É aqui
que Deus intervém, querendo para nós o estado de pleno bem. Para que tal nos
seja possível entregou o Seu Filho ao mais alto estado de sofrimento até,
lentamente, chegar à morte. Fez o que, na sua Misericórdia, tinha que ser
feito. Agora está em nossas mãos seguir um ou outro caminho, o da vida ou o da
morte, sendo que na eternidade em que entraremos há "dois tempos",
falemos assim para nos entendermos, um da Justiça divina
("temporário"), o da pena, o Purgatório, e um outro
"definitivamente eterno": o Céu, a Vida, ou o Inferno, a Morte.
Proximamente dedicaremos algum tempo ao "Tempo da Justiça". Agora
falemos do tempo da Misericórdia, este em que vivemos.
Sendo
tempo de escolha, de opção por aceitar ou recusar Deus, vamos acumulando frutos
de bem ou de mal, e a "sentença final" vais sendo
"escrita". Atua, então a Misericórdia divina na medida em que, depois
de atos merecedores de consequências castigadoras, estamos ainda a tempo de
reparar o atos maus com atos bons e de pedir a Deus que tenha compaixão e que,
no seu Amor e perante o nosso querer não voltar a fazer o mesmo, ainda que a
queda aconteça, uma, duas... mil vezes, nos perdoe e mude a pena a cumprir. Por
misericórdia fá-lo-á e a "sentença" estará permanentemente a ser
reescrita até ao momento da morte, até que termine o tempo da Misericórdia.
(05-11-17)
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